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Enquanto ainda estava na seita, como serviçal do palácio da rainha desfigurada, como obreiro, escutava os diáconos, ungidos e pastores, conversando, fazendo comentários, observações, fofocas, e em tudo, ficava registrando, pois na verdade, estava na obra maravilhosa, como uma ilha de bondades, cercada por maldades de todos os lados (https://diganaoaseita.wordpress.com/2012/10/11/a-ilha-de-bondades-cercada-de-maldades-por-todos-os-lados/).
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Confesso que, por vezes, nesse observatório, no íntimo, avaliava que havia uma extrapolação daquilo que deveria ser a conduta de um cristão, dada a maldade de certos comentários, mas como fui muito jovem, nunca tinha sido um cristão, e ainda o pior, não tinha lido a Bíblia ainda, fui engolido pelo sistema. Aliás, eu acho que era o perfil ideal, àquela altura, para ser enganado pelo canto da sereia.
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Mas, voltando aos comentários e declarações que ouvia desses (c)obreiros, pude destacar uma expressão que era interessante.
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Esses aprendizes de meia-sola, ou alguns meias-solas completos chamavam aqueles que não exerciam muito bem o seu pastoreio de “ganchos”.
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A analogia era simples, mas inteligente. O pastor tinha o cajado para usar com o rebanho, e se usasse bem, de fato apascentando as ovelhas, não teria, segundo a avaliação deles, que se chamado de gancho, mas o que maltratasse as ovelhas, ao invés de apascentar, teria a chance de receber carinhosamente esse apelido.
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O motivo da palavra gancho, em uma dessas minhas pesquisas, foi evidenciado, quando alguém me respondeu que se fazia alusão à personagem do Capitão Gancho!
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Aquilo era uma espécie de linguagem-código entre eles, e por vezes, um que tivesse cajado, dependendo da atitude tomada com determinado assunto ou vida, também receberia o apelido carinhoso, mesmo que temporariamente.
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Hoje, liberto da seita, eu medito: até eles mesmos sabiam o que se estava produzindo ali. Ao invés de pastores, amorosos, atenciosos, carinhosos, pacientes, ouvintes, conselheiros, temperados, equilibrados, justos, amigos, conforme o que efetivamente o Senhor requer de um pastor, os camaradas espizinhavam, humilhavam, discriminavam, “batiam”, repudiavam, exploravam, ofendiam, tratavam com grosseria, com acidez.
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O cajado tinha a função básica de dar segurança às ovelhas. Para isso, poderia ser usado, dentro da habilidade do pastor, para sacudir o mato alto à frente do rebanho, a fim de assustar alguma serpente; para cutucar uma ovelha, para fazê-la voltar ao caminho e livrá-la do perigo; para puxar a ovelha tímida para mais perto de si.
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Alguns pastores podiam ser vistos, andando por quilômetros, somente encostando a ponta do cajado no lado de um cordeiro, no intuito de trasmitir segurança da sua presença ali pelo simples contato, assemelhando-se a alguém que esteja ensinando outro a andar de bicicleta: só estar ali tocando no ombro, ou no quadro da bicicleta, é suficiente para o aprendiz se sentir seguro.
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