O PATRULHAMENTO FEITO PELA TROPA DE ELITE DA OBRA

O Patrulhamento ideológico é uma atividade política adotada por instituições, grupos, seitas, países, que compõem sistemas no geral, normalmente, de regimes isolacionistas e autoritários, que consiste em doutrinar cada um de seus adeptos para que exerçam constantemente a vigilância militante dos valores, princípios, dogmas e normas que perfazem o sistema ao qual estão submetidos, no intuito de preservá-lo e protegê-lo de qualquer ato contrário.

Os adeptos são doutrinados a entender que a oposição de suas ideias é uma grande transgressão ao destino e à saúde de sua instituição, aos seus particulares valores, de modo que é necessário que, de pronto, devam agir radicalmente contra um eventual movimento subversivo, blindando o sistema. Cada adepto, uma vez inundado do êxtase para com a instituição, particularmente, absorve a responsabilidade de espionar e desencorajar quaisquer iniciativas que possam levar a questionamentos, discordâncias ou diálogos sobre a natureza dos princípios, dogmas e fatos da instituição, com os quais podem levá-la ao descrédito.

Na Maranata, a liderança arregimenta seus membros a executar fielmente a patrulha de seu sistema, de sorte a lhes insular um sentimento de militância e policiamento obstinado, no que provoca muitos a encarnarem personagens traduzidos em uma valentia quixotesca, na pretensão de exibirem o seu “zelo” pela “obra”. Qualquer coisa contrária ao sistema blindado, denominado “obra”, é rechaçada com bastante veemência, e esta atitude é generalizada na seita maranata, pois não é postura exclusiva dos líderes, mas também dos seguidores, soldados rasos, que encorporam em suas filosofias de vida a primazia de “preservar a obra” acima de tudo e a qualquer custo.

A atitude desses indivíduos, de tão enlevados e necessitados de mostrarem a sua fidelidade pela “obra”, aos olhos de terceiros, pode ser interpretada como uma exposição ridícula e fanfarrona. Os únicos que não acham estranho, muito ao contrário, ainda apoiam, parecendo perder o senso de ridículo, são os seguidores fieis, inclusive taxados de devedores do sistema. Aqui é pertinente perceber um detalhe interessante: o patrulhamento, embora seja feito pela liderança, esses que compõem a cúpula do sistema, por serem conscientes da realidade das coisas, não ficam pagando papel de ridículo diante de um flagrante absurdo.

Em não raras vezes, os líderes são pegos desmentindo dogmas ou regras que, de reconhecidamente rígidos, passam a ser banais diante da conveniência em tentar convencer alguém de alguma coisa escusa a ser oferecida. Um grande exemplo disso é o episódio em que o sócio fundador do complexo empresarial maranata, em um encontro com o pastor Samuel França, chamou a sua cria adotiva, o “clamor pelo sangue de jesus”, de ave-maria. Outro exemplo é o fato desse mesmo empresário do ramo eclesiástico denominar a sua obra de seita, em 1992, quando vestiu a sua face de cronista, escrevendo para o público-alvo secular. Veja no link abaixo:

http://www.morrodomoreno.com.br/materias/memorias-de-um-canela-verde.html.

É curioso perceber que nenhum dos seguidores fieis, servos devedores, apaixonados defensores da obra, aceitem a pecha de seita, quando direcionada a sua venerada denominação, nem tampouco concordem ou fiquem felizes e confortáveis em chamar a arma “infalível” do clamor, tão seguido de “experiências”, de ave-maria. Mas, essas posturas foram assumidas, de forma assustadoramente natural, pelo líder-mor do gedeltismo; em tese, quem deveria ser o mais implacável defensor do citado sistema, chefe dos patrulheiros de plantão dentro dos domínios da estrutura palaciana.

A expressão máxima do patrulhamento ideológico na Maranata é o famigerado “grupo de intercessão”, o qual, apesar do nome, exerce a função de uma verdadeira polícia interna de espionagem de membros e tribunal de sumários julgamentos da vida alheia, sem direito a defesa e a contraditório, sentenciado tudo arbitrariamente, sob a justificativa de “revelação do Senhor”. O policiamento do “grupo de intercessão” consiste em espionar, dentro da igreja, “rebeldes”, “questionadores”, “desviados”, “desacertados”, ou mesmo supostos “desobedientes”, ou ainda membros que “não entenderam a obra”, espreitando o momento exato de agir contrariamente, promovendo assim verdadeiros linchamentos morais e emocionais daqueles já considerados no grau de “inimigos da obra” – ora punindo-os, ora excluindo-os da instituição, dependendo das suas reações aos tratamentos de “choque”, que lhe são aplicados.

Também, destaca-se que, no afã de proteger o nome da Maranata, de subversões e descrédito, cria-se internamente um ambiente de medo e insegurança, onde todos passam a ter desconfiança do seu próximo – inevitavelmente, gerando no psicológico dos adeptos a paranoia e a culpa. Apesar do sistema tentar transmitir uma mensagem piedosa e saudável do seu ambiente, a verdade é que, em razão desse patrulhamento, há dentro da Maranata um clima de guerra entre os próprios membros, onde, entre si, praticam o policiamento e espionagem, muitas vezes, uns denunciando os outros aos seus superiores hierárquicos. Na obra, no geral, vale a máxima: “que eu cresça e outro diminua”, em total subversão a João 3:30.

Exceção feita à piedade das liturgias dos cultos e louvores, assim como, às pregações com apelos espirituais afetados e exagerados, a Maranata possui, na realidade, uma atmosfera que, para muitos, em sua intimidade, é extremamente carregada, pesada, difícil, artificial, e para alguns até desagradável e inconveniente, devido ao clima de conflitos internos, mexericos, disputas, delações, olhadelas, observações, julgamento da vida alheia, fofocas, tendo como base de aferição atos dos mais fúteis e mesquinhos possíveis.

É sabido que há sentimentos de hostilidades e aversões, dirigidos a pessoas e coisas que possam vir a ser considerados opositores as ideias da Maranata, e definitivamente, isso não é saudável. A questão, como se apresenta na “obra”, não segue o caminho normal de ajuda mútua entre irmãos, cujo propósito principal seria o de ajudar, assistir, amar ao próximo, como preconizado na Palavra de Deus, mas o de efetivo patrulhamento em defesa do fortíssimo e imponente prosélito criado em torno da Maranata.

Será que alguém é capaz de contrapor ao argumento que há patrulhamento ideológico na Maranata? Antes de serem tomadas as medidas de repressão contra os “rebeldes”, há espaço para defesa? Todos podem garantir que há primazia em amar as pessoas, admoestando-as a condutas condizentes com a Palavra de Deus e não com os ditames estabelecidos pelo homem?

Cabe a cada um as respostas, tanto os que sofrem como vítimas da “tropa de elite” do gedeltismo, e aceitam subservientes o castigar do deus da obra, mas que também não deixam de assumir posturas de perseguidores, por vezes, dado o dinamismo cego do sistema, quanto os que ocupam altos postos nessa tropa, usufruindo, ainda que irracionalmente (alguns) dos louros decorrentes do verdadeiro massacre moral e psicológico exercido sobre os irmãos do próprio “corpo”.

Como diz o grupo Tihuana: “Tropa de elite, osso duro de roer; pega um, pega geral, também vai pegar você”! Quem dera os patrulheiros da obra fossem implacáveis em combater crimes e heresias! Não estaríamos no status atual das coisas, não é verdade?

Foge dela, povo meu! Fiquem todos com Deus!

Stanislaw Ponte Preta e Alandati.

6 Respostas para “O PATRULHAMENTO FEITO PELA TROPA DE ELITE DA OBRA

  1. nossa tirou as palavras da minha boca,estava presas no meu coração.
    .
    .
    Que bom ler esse comentário! O nosso intuito é ser o mais preciso possível, com relação ao trauma ocasionado pela seita maranata, no sentido de libertar as amarras.

    Glória a Deus! Fique à vontade, alma!

    Graça e Paz,

    Alandati.

  2. Indubitavelmente, existe, sim, esse cerceio. Sem que deixe de consignar a clareza e estilo do texto, sugiro uma expressão mais palatável(patrulhamento religioso, ao invés de ideológico). Belíssima reflexão!Gostei
    .
    .
    Tem razão, irmão Jaime. Que bom que gostou! O irmão Stanislaw me mandou o texto, e fiz apenas alguns arremates. Realmente, o termo utilizado pelo irmão seria o mais apropriado. Mas perceba que essa sutileza em demonstrar uma teoria e confrontá-la com a realidade da seita maranata faz parte do nosso estilo. Se dissermos diretamente, às vezes, alguns queridos irmãos vão pensar que estamos inventando certas teorias e termos. Entendeu?

    Que bom tê-lo aqui! Graça e Paz,

    Alandati.

  3. Alandati, bom dia.

    Ler este artigo faz a alma sofrer novamente cada momento passado naquela seita.

    Como conhecemos bem esse patrulhamento malígno!

    Quem, ao se enganar com o gedeltismo e ficar preso por longos anos, não sentiu na pele as injustiças dos julgamentos e sentenças do grupo de intercessão?
    Grupo composto pelo meia sola mor da unidade local, diáconos e obreiros. Homens amargos, rancorosos, prontos para atirar. E o que dizer das senhoras da coordenação que participam ativamente com suas fofocas e devaneios, apelidados de “dons espirituais”?

    Quantas vezes ficamos aturdidos com essas injustiças, pois, acreditávamos estar na obra perfeita?
    Não entendíamos o que estava acontecendo e quase enlouquecemos lá dentro.

    Como Deus foi generoso para conosco nos libertando daquela prisão!
    Meu coração é tão grato a Ele por isso!

    Como sempre, o Stanislaw Ponte Preta e você, nos presenteia com um texto tão preciso que retrata, com perfeição, o patrulhamento mesquinho e desumano da seita Igreja Cristã Maranata.

    Que Deus continue abençoando vocês neste trabalho tão importante que é, trazer à luz, aquilo que estava escondido pelos líderes hipócritas desta seita diabólica. Assim vamos sendo desintoxicados e compreendemos melhor tudo que se passou.

    Tenham um ótimo fim de semana na graça e na paz do Senhor Jesus Cristo.

    Eurípia Inês.

  4. Irmã Eurípia, o trabalho é também teu, pois contribuiu em muitos artigos para este blog.

    Quando li tua primeira frase, me assustei quando disse que a alma sofre pelas lembranças, mas depois tudo ficou esclarecido no restante do teu comentário.

    Fica claramente evidenciado que mais esse encargo pertence à seita, o de patrulhamento ideológico ou religioso. É assunto inconteste!

    Realmente, somos gratos ao nosso Eterno Deus, por ter nos tirado dessa seita maligna, verdadeiro hospício, como diz o pastor Eduardo.

    Graça e Paz de Deus!

    Alandati.

  5. Vivi intensamente essa patrulha das elites, com ela aprendi a vigiar se estão te vigiando. Aprendi que “deus” vê tudo, sabe de tudo, conhece tudo, e ele só revela o que o homem não sabe, por isso quando era dessa casa mal assombrada sempre que fazia algo “errado” contava para alguém de confiança (sabe como é …Jesus não ia revelar aos “homi de preto” porque não era segredo.) Quantos “bancos” tomei e quantos consegui fugir por ser mais esperto do que aqueles que saiam de carro de vidro escuro fiscalizando as ruas, atrás do servinhos rebeldes. Lembro-me de uma certa vez, que para fugir de um banco em massa, ao ver o carro da patrulha divina, vários jovens se arremessaram num barranco, para se esconder, foram salvos do banco, mas não dos arranhões e machucados em nome do sinhô das heresias. Sabe o que é mais legal, hoje nenhum desses jovens está na oubra, e a elite… continua, mas continua a catar os cacos de suas vidas, pois quem tanto nos criticou e perseguiu, traíram esposas, destruíram famílias, mas continuam servindo ao sinhô dos espíritos sem verdade.

Deixe um comentário